Nota
A sucessão de escândalos, que há três anos incorporou-se dramaticamente à rotina do país, indica, mais que um quadro de degradação moral e institucional, a inoperância dos órgãos de controle do Estado. Trata-se de um escândalo dentro do escândalo.
O cidadão-contribuinte, que paga a conta de tais desmandos, não entende como quantias estratosféricas circularam no sistema bancário, com frequência e desenvoltura, sem que os órgãos incumbidos de monitorá-las tenham cumprindo esse dever elementar.
Se o tivessem cumprido, tais aberrações não teriam assumido as proporções a que assistimos, levando o país à maior crise política, econômica e moral de sua história.
Os mecanismos de controle existem e o correntista comum a eles se submete, enfrentando muitas vezes excessivo rigor burocrático. O mesmo, porém, não ocorreu em relação aos criminosos de colarinho branco, como tem testemunhado a população brasileira, no curso das investigações da Lava Jato e tantas outras.
Como se explica o trânsito de malas e malas com dinheiro vivo, na escala dos milhões, como as encontradas no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima? Sabe-se que o saque bancário, além de determinado limite, exige esclarecimentos, que os titulares daquelas fortunas não prestaram. O país exige essa explicação.
O depoimento do ex-ministro Antonio Palocci e os inacreditáveis áudios de Joesley Batista, da J&F, revelam que contaram com a cumplicidade de operadores no âmbito do Estado e do sistema financeiro. E não apenas: segundo a Procuradoria Geral da República, sob o comando da própria Presidência da República. Nada menos que três ex-presidentes estão denunciados ao STF, por, entre outros delitos, corrupção passiva e formação de quadrilha.
Jamais se viu nada igual!
Sem que tudo isso se esclareça, e com urgência máxima, o manto da suspeição continuará a cobrir o conjunto das instituições do Estado, o que é trágico para a democracia brasileira.
Claudio Lamachia
Presidente nacional da OAB
Fonte: Conselho Federal
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